quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Doutora brasileira

A faculdade de medicina passou, ela estava no final do sexto ano quando decidiu juntar duas paixões: ajudar o próximo e conhecer a maior floresta tropical do mundo. A Marinha do Brasil seria o passaporte para a concretização de seu sonho.
O amor pela natureza a segue desde sempre. Consegue apreciar um bonito luar mesmo em meio aos arranha-céus da cidade grande. A amazônia era um grande sonho que se uniria a outros, de trilhas e chapadas que conhecia pelo Brasil.
Já havia ouvido falar da população ribeirinha e da carência dessas pessoas que viviam pela floresta, nas margens dos rios. Gostaria, sinceramente, de ajudar a melhorar suas vidas.
Assim ingressou nas forças armadas brasileiras e desembarcou em Manaus, como tenente da Marinha. Durante aquele ano trabalhava intercalando cerca de dois meses em terra, na cidade de Manaus - atendendo aos parentes dos militares -, e um mês viajando pelos rios da amazônia; Negro, Solimões, Amazonas e outros afluentes.
Em sua primeira viagem conheceu a população ribeirinha do rio Solimões. Um choque! As condições eram ainda mais precárias do que pensava. "Eles vivem com o mínimo necessário à sobrevivência!", constatou.
Possuem pequenas criações, mas o que precisam para sobreviver retiram do rio. Vivem da pesca, pegando os peixes na hora das refeições. Algumas vezes os comercializam. Também tem pequenas roças de mandioca, feijão e pimenta. A base alimentar é peixe com farinha de mandioca, produzida por eles mesmos.
- Sofrem de inúmeras doenças, principalmente de pele e intestinais, relacionadas à péssima higiene em que vivem, sem saneamento básico algum. Todo esgoto produzido é despejado diretamente no rio e toda mudança que tentamos implantar são simplesmente esquecidas logo depois que falamos - lamenta.
Tentou convencê-los de que, se o rio corre em uma direção, devem pegar a água usada para higiene pessoal e de objetos antes das casas, assim como as plantações, e a criação de porcos deve vir depois delas. Voltavam alguns meses mais tarde e tudo estava como antes, tomavam banho nas águas que passavam pelos chiqueiros flutuantes.
"Não será fácil...", pensou.